O ministro da Economia, Paulo Guedes, bateu boca com parlamentares dizendo ter recebido “ofensas” e “ataques” durante a comissão especial da reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados. O economista afirmou ter aprendido que é “padrão” na Câmara dos Deputados, a “baixaria” começar “depois de seis horas” de debates em audiências. A sessão começou por volta das 14h30.
As declarações do ministro foram uma resposta a dois deputados de oposição. Ivan Valente (PSOL-SP) acusou Guedes de ter cometido crime de responsabilidade fiscal, e Perpétua Almeida (PCdoB-AC) mencionou notícias em jornais sobre “rombos” que o ministro teria causado em fundos de pensão.
O ministro rebateu.
“Depois de seis horas, a baixaria começa. É o padrão da casa: ataque, ofensa. Estou sendo ameaçado de [ter cometido] crime de responsabilidade. Não vou reagir nem a ameaça e nem a ofensa”
“Dinheiro na cueca”
Em seguida, Guedes afirmou que teria uma conversa reservada com Perpétua sobre os questionamentos que ela fez sobre supostas fraudes cometidas por ele em fundos de pensão. “Não posso ser acusado do que vários companheiros da deputada estão sendo. Se eu ‘googlar ‘ [procurar no Google a expressão]’ dinheiro na cueca’, eu vou achar alguma coisa”, disse.
A declaração foi uma referência a um episódio envolvendo outro deputado, José Guimarães (PT-CE). Em 2005, um assessor dele, José Adalberto Vieira, foi preso no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com US$ 100 mil escondidos na cueca e R$ 209 mil numa maleta de mão. Guimarães foi absolvido pela Justiça.
Petista se defendeu, e Guedes pediu desculpas
Com a troca de ofensas, o presidente da comissão, Marcelo Ramos (PR-AM), interveio. Em seguida, concedeu a Guimarães um minuto para se defender dos ataques. O petista respondeu a Guedes, dizendo que sempre tratou o ministro com respeito e que não respondia a nenhum processo no STF (Supremo Tribunal Federal).
“O senhor deveria ter mais zelo com o cargo de ministro de Estado da Economia. O respeito entre nós tem que ser um princípio fundamental. Quero dizer a Vossa Excelência que reflita. Não venha aqui acusar ninguém”
Guedes pediu a palavra e se desculpou. O ministro afirmou que não foi ofendido por Guimarães e que perdeu a paciência com as acusações que considerou mentirosas. O presidente suspendeu temporariamente a sessão após o bate-boca.
Fonte: UOL